A entrada para o 1º ciclo pode ser um momento que gera muitas dúvidas e anseios para os pais das crianças. À questão “será que está preparado/a?” subjazem uma série de outras questões que só com um adequado “olho de alerta” podemos analisar devidamente.
É verdade que todos somos diferentes e temos ritmos de aprendizagem/desenvolvimento variáveis, no entanto, quando uma criança entra para o primeiro ciclo dá-se como certo que a criança já adquiriu uma panóplia de competências que lhe permitem, por exemplo, desenhar letras, algumas muito difíceis, saber o nome das letras e até saber ler algumas palavras… o que não é verdade, porque entrar para o 1º ciclo é muito mais que aprender a ler e escrever! Na verdade, se a criança tiver um desenvolvimento pré-escolar adequado (que não implica saber letras e números!) não haverá assim tanto que temer. Vejamos:
A criança tem um adequado desenvolvimento emocional? Consegue estar atenta a uma tarefa (mesmo que não seja do seu pleno interesse) por alguns minutos, revela maturidade e tolerância à frustração? Ou continua com choro e birras fáceis?
A criança tem um adequado desenvolvimento comunicativo e linguístico? Fala corretamente a nível articulatório, com vocabulário rico e construção frásica complexa? Além disso, consegue já brincar com as palavras, manipulando os seus sons e sílabas? Consegue corrigir o discurso dos outros, reformulando-o?
A criança tem um adequado desenvolvimento psicomotor? O seu equilíbrio estático e dinâmico permite-lhe ser ágil e seguro em diferentes deslocações, ultrapassando obstáculos sem “trambolhões”? Domina objetos maiores e menores com mãos e pés, com correta planificação sem deixar cair ou fugir bolas frequentemente? Tem uma mão preferencial para as atividades do quotidiano e de motricidade fina?
Tudo isto, são exemplos de algumas das competências que os livros escolares não vão ensinar às crianças (e que são essenciais para a escola e para a vida)! Pelo contrário, adquirem-se em momentos de interação e conversa com a família, em brincadeiras (espontâneas e dirigidas), em atividades da vida diária comuns a qualquer ser humano (ajudar nas tarefas domésticas, por exemplo!).
Está na hora da sua criança entrar para a escola e acha que ela ainda não domina competências como as referidas? Procure uma avaliação por profissionais especializados, porque não é necessário, por exemplo, que todas as crianças agarrem de igual forma o lápis, mas é necessário que competências de base e transversais a todo o desenvolvimento da criança sejam analisadas. O importante é trabalhar-se em prol daquilo que a criança é capaz e o que lhe é eficaz e funcional, e tomar as atitudes, definir estratégias e outras diligências, para que, de forma coerente e individualizada se promova o potencial da criança.
Sofia Alves - Psicomotricista GAFC
Diana Costa - Terapeuta da Fala GAFC
No passado dia 4 de Maio, estivemos no Centro Infantil Moinho de Vento, a convite da coordenação do pré escolar, para falarmos com os pais/ educadores/ auxiliares, sobre esta temática que nesta altura do ano, faz a cabeça "andar às voltas" de quem tem que decidir.
A Diana Costa e a Sofia Alves, transmitiram aos presentes, alguns aspetos importantes que devem ter em conta na hora de decidir; contudo, é preciso não esquecer que nenhuma criança é igual à outra e que, é fundamental ir ao encontro das capacidades de cada um, trabalhando-as, individualmente, para as autonomizar.